quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Conversa com Deus

E foi assim, fui ter uma conversa com nosso Senhor!
Deus, salvador, quero fazer um pedido pequeno, mas que me causa certo rubor.
É um pequeno favor, pra uma alma deseperada mas sem nenhum rancor.
Pois estava eu passeando pelas desgraças da vida quando tive um encontro.
No início tive certo pavor, um medo misturado com horror, mas
quando a luz brilhou naquele breve momento, em felicidade se transformou.
foi profundo e belo, sentimento mais puro e sincero jamais ousou ser imaginado
E então fui abatido por uma pedrada, acabei desmaiado.
Acordei aqui sem saber o que se passava nem onde me encontrava,
Morto eu de fato já estava, mesmo lá na terra, pele e osso simplesmente era!
Cá estou agora, pedindo de joelhos um obséquio,
Que lá pra terra mande uma nuvem carregada de amor, que molhe aquela terra
Onde nasce um botão de rosa amarela
Que irá encher de lágrimas os olhos de meu afeto e o coração transbordar ternura
E alegria de quem jamais vira um dia, uma planta tão bela nascer naquele solo sedento de vida e ardor.
Eis que então, muitas outras nascerão, e de todo recanto da seca virá,
Uma bela jovem seu pranto derramar e há que daí ressurgir a esperança praquele lugar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Medo de Acordar

Já era tarde da noite. Chovia. Rebeca estava em casa, olhando pela janela embassada as gotas enfurecidas tocarem o chão. Sofria de um triste mal - prosopagnosia- uma doença neurológica na qual não se reconhece o rosto das pessoas, inclusive o seu próprio rosto. Apesar de se olhar no espelho não via seu rosto, Rebeca jamais se reconhecera, não fazia idéia de sua aparência e nem da de seus conhecidos e familiares. Não sabia o significado de face, identidade. Reconhecia as pessoas pela voz e cheiro, pelo formato do corpo, não pelo rosto. Talvez por isso fosse um tanto melancólica. mas naquela noite tudo mudou. Trovejava e relampejava muito. E entre os clarões pode perceber um rosto na janela. No início não entendia o que estava vendo, afinal, jamais vira um rosto antes. Não deu muita importância, mas a chuva aumentava e os rostos também. Cansada e com sono, cochilara no sofá. Acordou com um barulho, sobresaltada, parecia que alguém estava em casa, mas ela estava só. Se levantou, e foi descalça até a cozinha, apagara as luzes e foi para o quarto pelas escadas. Ao pisar no primeiro degrau, sentiu os pés molharem, olhou para baixo, mas a escuridão não permitia saber o que era. Continuou subindo, os degraus estavam encharcados. Seus pés afundavam cadaz vez mais a medida que sobia, já estava perdendo o controle, sentiu uma mão puxar seu tornozelo. Acordara sobresaltada, ainda chovia, Levantou passou pela cozinha mas deixou a luz acesa. Subia as escada e junto com elas um calafrio nas espinhas, sentiu também alguém correr atrás dela nas escadas, correu desesperadamente até o topo. Acordara, sobresaltada com a imagem de um rosto na memória que não sabia de quem era. Levantou, nesse momento um relampejo revelou uma imagem, frente a frente com ela, uma mulher. Pôde sentir a respiração dela em seu rosto. Sentara num susto. Não conseguia pensar em nada. Deitou-se novamente, fechou os olhos. Acordara sobresaltada, com um susurro em seu ouvido: " Levanta". Levantou, foi até a cozinha, pegou um copo de água, não conseguiu beber. Sentiu um vazio que não sabia explicar, não sabia o que fazia ali naquela casa, que era sua, mas não se lembrava nem mesmo de como chegara lá. A última coisa de que recordava era de sua mãe saindo do carro dizendo "vai com Deus". A chuva tinha diminuído, foi até a janela para observar, não existia nada do lado de fora, só um penhasco, um vão, deu um passo para trás, esbarrou em uma pessoa, sentiu seus pés molhados e frios, fechou os olhos e viu uma mulher de roupas encharcadas, viu seu rosto, os lábios roxos de frio e uma respiração tão fraca que parecia não respirar, estendeu o braço numa tentativa de tocar o rosto da mulher, num repente se reconheceu, era ela mesma, parecia perdida, tocou seu próprio rosto, sentiu um frio invadir a alma, se transportou, estava no corpo da mulher, presa e gelada. Acordara, não estava morta, não era outra pessoa, era ela mesma, presa em um mundo seco, de mentiras e egoísmo que criou pra si, estava presa em estado de coma, sentada numa cadeira de balanço onde permanecia após um surto.